12/13/2006

Encontro com Papai Noel na fila do banco.

Fui pagar uma conta essa semana e quando chego na fila encontro ninguém mais ninguém menos do que o Papai Noel em carne e osso. Muito mais carne, é verdade, tinha uma barriga saliente certamente cultivada por anos daquela sagrada cervejinha gelada.

Não pude evitar um sorrisinho de canto de boca e acho que ele logo percebeu que o reconheci. Mas fiquei na minha. Ele também.

Depois de um tempo perguntei, meio que pra quebrar o gelo: você não já tem direito a fila especial? Ele me olhou com seu ar bondoso e paternal e disse na maior cara dura.

-Só tenho 64 ainda.
- Aham, mas faz aniversário agora dia 25?
- Não, não....

Ele desconversou. Minha indireta o constrangeu, como se tivesse lhe tirado o encanto do anonimato.Não era minha intenção, pelo menos consciente ( essa de jogar as culpas todas pro inconsciente é uma saída estratégica genial criada por Mr.Freud, que Deus o tenha em bom lugar). Após um silêncio desconfortável e algumas chamadas dos caixas do banco, puxei outro assunto. Aliás, pensando bem, tenho quase certeza de que foi ele que puxou o assunto do caos aéreo no Brasil. Conversamos longamente tecendo nossas opiniões sobre o embróglio e suas consequências até que novamente sem intenção, disparei:

- Fico pensando como Papai Noel vai se virar para cumprir seus compromissos.

Ele esbugalhou os olhos e deu uma longa gargalhada disfarçando o "ho-ho-ho"para não parecer ridículo. Mas antes que o clima ficasse constragedor o próximo a ser atendido foi o bom velhinho, que depositou um calhamaço de faturas no balcão de atendimento. Deve tá pagando ainda os presentes do ano passado, pensei.

Fui atendido em seguida, paguei o condomínio rapidamente e, antes de ir, me despedi já fazendo meu último apelo pra São Nicolau.

- Tchau gente boa, prazer em conhecer, esquece da gente não.Até ano que vem.